Lula não repôs estoques de arroz zerados sob Bolsonaro e terá de importar

Por Rafael Neves 13/05/2024 - 12:08 hs
Foto: Arquivo pessoal/Marildo Mulinari
Lula não repôs estoques de arroz zerados sob Bolsonaro e terá de importar
Foto de 31 de janeiro mostra vista aérea de lavoura de arroz alagada por chuvas em Eldorado do Sul

Quase um ano depois de ter anunciado que retomaria a formação de estoques púbicos de alimentos, o governo Lula não fez nenhuma reposição nas reservas de arroz, que estão zeradas. Com as cheias no Rio Grande do Sul, o Executivo decidiu autorizar a importação de até um milhão de toneladas do produto.

O que aconteceu

Os estoques públicos de arroz foram zerados em dezembro de 2022. Essas reservas, que servem para controlar preços e garantir abastecimento durante emergências, são mantidas desde a década de 1960, mas foram esvaziadas na última década. Hoje, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), não há estoques de arroz, feijão, trigo e café, entre outros alimento.

Não há previsão de faltar arroz. Apesar dos danos às lavouras no RS, o maior produtor do país, mais de 80% da safra atual já foi colhida. O governo afirma que autorizou a importação do produto, na sexta-feira (10), apenas para evitar alta nos preços, o que é uma das funções do estoque público.

A política de estoques públicos vinha sendo abandonada nos últimos governos. As reservas de arroz, que ainda eram de um milhão de toneladas há dez anos, caíram para 25 mil no início do governo Bolsonaro. A gestão do ex-presidente vendeu o que ainda restava e ainda fechou 27 armazéns no país, o que reduziu em 500 mil toneladas a capacidade de estocagem da Conab.


Para economistas ouvidos pelo UOL, a perda dos estoques públicos foi uma falha do Estado. Eles avaliam que as reservas de arroz, se existissem, poderiam não apenas ter sido distribuídas à população atingida pelas cheias, mas também evitariam ou reduziriam a necessidade de o Brasil importar agora, pagando mais caro.

Preço impediu formação de estoque, diz governo

O governo anunciou, em junho do ano passado, que quer retomar a formação dos estoques. Até o momento, porém, o único produto que teve reposição foi o milho — passou de 50 mil toneladas, em janeiro de 2023, para 323 mil toneladas, em março de 2024, segundo a série histórica da Conab, que é vinculada ao Ministério da Agricultura.

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